Assim como os adultos, as crianças também são afetadas por disfunções no equilíbrio. Sua ocorrência pode causar déficit de atenção, atraso no desenvolvimento psicomotor, dificuldade de aprendizado além de contribuir para o isolamento social, já que a criança afetada não consegue participar das brincadeiras que outras da mesma idade realizam com facilidade.
De acordo com a otorrinolaringologista Dra. Renata Di Francesco, presidente da Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe), estes distúrbios são decorrentes de alterações no sistema vestibular.
“Como o aparelho vestibular controla a posição do corpo, junto com a acuidade visual, e orienta a sua posição no espaço; qualquer disfunção pode prejudicar atividades que exigem o domínio postural, como, por exemplo, aprender a andar de bicicleta, pular em um pé só, brincar de amarelinha ou subir escadas com pés alternados. As crianças afetadas apresentam, ainda, dificuldades de fixação visual e podem ter distúrbios da atenção”, explica a Dra Di Francesco.
Os sintomas são mais difíceis de serem identificados nas crianças menores, que, diferentemente dos adultos, já que elas não sabem descrever a ocorrência de sensações rotatórias como vertigens.
“Por isso, os pais devem ficar atentos aos problemas de aprendizagem quanto ao desenvolvimento motor da criança e as habilidades do equilíbrio de acordo com cada faixa etária. Na defasagem desta condição, a criança deve ir ao otorrinolaringologista”, completa a médica.
Os distúrbios de equilíbrio podem estar relacionados a infecções virais ou bacterianas do ouvido, malformações da orelha interna, meningite ou trauma crânio-encefálico e cervical, crianças de famílias que apresentam enxaqueca têm mais chances de problemas vertiginosos.
“Somente a avaliação do médico pode levar ao melhor tratamento, que envolve medicação, dieta específica, e reabilitação vestibular, com a prescrição de exercícios específicos e progressivos que coordenam visão, equilíbrio e reflexos posturais”, comenta.
Ação especial em São Paulo
Para chamar a atenção da população para os distúrbios do equilíbrio e outras doenças otorrinolaringológicas que ocorrem na infância e interferem no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças, a ABOPe lança a Campanha Nacional Otorrino Pediátrica, realizada em parceria com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
De 12 a 14 de setembro, a entidade vai promover uma série de atividades educativas para a interação de pais e filhos no Parque Ibirapuera.
“Haverá um circuito que aborda, de maneira lúdica, a prevenção e o acompanhamento especializado dos problemas mais comuns no nariz, ouvido e garganta e que afetam o desenvolvimento das crianças. A estação aborda temas como a perda auditiva, apneia obstrutiva do sono, distúrbios do equilíbrio e da audição”, conclui Dra. Renata Di Francesco.