Faringotonsilite
São chamadas faringotonsilites as infecções que acometem as tonsilas, faringe posterior, palato mole e órgãos linfoides da região. São infecções muito frequentes, principalmente na faixa etária pediátrica, e por isso, levam muitas crianças a se ausentarem
da escola, provocando prejuízo no aprendizado. Além disso muitas vezes esses pacientes fazem uso de Antibióticos de forma indiscriminada, aumentando os riscos de efeitos colaterais e resistência bacteriana, relacionados ao seu uso.
A maior parte das infecções são causadas por vírus, chegando a 75% dos casos em crianças menores que 2 anos. Os vírus mais comuns são: Rhinovirus, Influenza, Parainfluenza, Adenovírus, Vírus sincicial respiratório, entre outros. Nesses casos os pacientes
costumam apresentar sinais e sintomas de infecção de vias aéreas, como rinorreia, congestão nasal, febre baixa, odinofagia leve, eritema faríngeo, aumento das tonsilas e úlceras orais.
A faringite causada pelo vírus Epstein Barr, também conhecida como Mononucleose, é mais comum na adolescência, e apresenta sintomas mais importantes, como febre, mal-estar, cefaleia, disfagia, odinofagia intensa. Nesse caso as tonsilas podem estar aumentadas
e com exsudato que se assemelha ao das infecções bacterianas, além de petéquias em palato e adenopatia cervical. Outros achados comuns são hepato e esplenomegalia, associadas a dor abdominal.
As faringotonsilites bacterianas são menos comuns, porém de grande importância na prática, pois tem maior potencial de desenvolverem complicações. O agente bacteriano mais importante é o Streptococus pyogenes do grupo A, que é responsável por até 37%
das faringotonsilites agudas em crianças e adolescentes, com pico de incidência entre 5 e 6 anos. Os sintomas mais comuns são: febre e odinofagia, associados a disfagia, mal-estar, cefaleia, dor abdominal. No exame físico costumamos encontrar aumento
tonsilas com ou sem presença de exsudato, eritema faríngeo, edema de úvula, petéquias em palato e linfadenopatia cervical. Outras bactérias que causadoras das faringotonsilites são: Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Staphylococcus aureus,
Haemophilus spp e Moraxella catarrhalis.
Muitas vezes é difícil diferenciar a etiologia pois os sintomas e achados do exame físico são semelhantes. Na presença de coriza, obstrução nasal, rouquidão, tosse, úlceras orais, sugestivos de infecção viral, inicialmente não são necessários exames complementares.
Para aferir a possibilidade de infecção pelo Streptococus pyogenes do grupo A, a partir de critérios clínicos, podem ser usados os Critérios de Centor modificados. A cultura é o teste de escolha para diagnóstico de Streptococus pyogenes do grupo A,
mas necessita de dias para se ter o resultado, o que pode dificultar o acompanhamento do paciente, além de não diferenciar a infecção aguda do estado de portador. Outra opção diagnóstica seria a realização de testes rápidos. Hemograma, sorologias
e Reação de Paul-Bunnel-Davidson podem ser realizadas diagnóstico diferencial de outras possíveis etiologias.
O tratamento vai depender do agente causador, e deve incluir tratamento sintomático com analgésicos, antitérmicos, hidratação, repouso, nos casos virais e associação de antibioticoterapia nos casos bacterianos. Para tratamento da Faringotonsilite estreptocócica
a Penicilina é a droga de escolha, mas outros antibióticos também são frequentemente usados. Nestes casos a antibioticoterapia além de melhorar a sintomatologia, também reduz o período de contágio e previne complicações, como a febre reumática e a
glomerulonefrite.
Fonte: Tratado de Otorrinolaringologia, 2017; Cummings 2020.
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